Confissões de domingo à noite
Uma pergunta incômoda. Uma resposta sincera. E o espaço entre as duas.
Você se lembra da última vez que sentiu orgulho de si?
Me perguntaram isso outro dia e eu travei. Fiquei tentando puxar uma resposta brilhante, mas a verdade é que o que me veio foi um momento pequeno: quando não desisti num dia difícil. Quando chorei no banho, mas ainda assim levantei. Quando pedi ajuda. Quando fui honesta comigo mesma, mesmo com medo do julgamento.
Domingo à noite tem esse jeito de nos virar do avesso, né? É como se a semana inteira nos olhasse de volta, cobrando tudo que ainda não fizemos. É como se o silêncio da noite deixasse mais alto o barulho das inseguranças.
Eu, que sempre amei o domingo de manhã, com sua calma de mercado vazio e pão quente, passo a noite com uma sensação de travessia. Como se algo estivesse se fechando e outra coisa, ainda desconhecida, prestes a começar.
Nessa hora, geralmente, abro o caderno. Começo a escrever como quem desabafa. E é assim que as confissões nascem. Não com intenção de virar texto. Mas com a necessidade de tirar do corpo o que não cabe mais calado.
Confesso que às vezes tenho medo de estar errando tudo. Que fico me comparando com gente que nem conheço. Que me sinto culpada por querer uma vida mais leve, como se não fosse permitido escolher outro caminho.
Obra autoral: Sonhando & Enraizando sonhos - Colagem Digital
Essa semana, por exemplo, recusei uma proposta de trabalho em Bogotá. Estou no Brasil agora, tentando uma recolocação no mercado de trabalho CLT, buscando uma vaga que dialogue com o que acredito. A proposta que recebi era concreta, parecia "certa" aos olhos de quem vê de fora. Mas não ressoava comigo. Seria abrir mão da minha saúde mental, da minha liberdade criativa, e do plano que venho cultivando com tanto esforço: encontrar uma vaga na Europa, onde quero reconstruir minha vida profissional. Aceitar aquela oferta seria sair do meu caminho por medo. E não quero mais decidir com base no medo.
Foi difícil dizer não.
Fiquei dias em conflito, ensaiando mil justificativas. Mas no fim, quando escrevi a mensagem de recusa, senti algo que não esperava: alívio.
E talvez esse seja um tipo de orgulho também, aquele que a gente sente por se escolher, mesmo quando tudo grita pra seguir o caminho mais fácil.
Mas também confesso que estou aprendendo a me acolher. Que cada dia difícil é um lembrete de que estou viva, tentando. E que orgulho não precisa vir só de conquistas, mas de cada pequena decisão de continuar.
Se esse domingo te encontrar com o peito apertado, saiba que você não está só. Que há beleza até na dúvida. E que, mesmo sem saber as respostas, você já é valente por seguir perguntando.
E você, se lembra da última vez que sentiu orgulho de si?
Me conta aqui nos comentários, vou adorar ter essa troca com você.